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Especialistas garantem que está aumentando o mercado de trabalho no setor
A preocupação mundial com o meio ambiente e a crescente exploração da biodiversidade marinha estão aumentando o mercado de trabalho para o profissional de biologia marinha. Especialistas no ramo dizem que é a profissão do futuro. No entanto, o número de cursos de graduação é ainda muito pequeno. Há apenas sete universidades no Brasil, sendo três no Rio de Janeiro. Segundo a Associação Brasileira de Biologia Marinha (ABBM), há pouco mais de mil biólogos marinhos atuando no país, no qual 200 deles no Rio.
De acordo com o presidente ABBM, Sergio Oliveira Lourenço, por ano se formam cerca de 150 biólogos marinhos no país. Número considerado muito abaixo do desejado.
“O ideal seriam dez vezes mais. Sem contar que há pouco tempo, boa parte dos biólogos marinhos formados migravam para outras áreas pela escassez do mercado e seus baixos salários. Acredito que haja cerca de 500 deles nessa situação. Hoje o quadro é outro. A demanda por este profissional tem sido muito grande devido à preocupação mundial com o meio ambiente e sua sustentabilidade. Os investimentos da Petrobras, por exemplo, na extração de petróleo da camada pré-sal também tem fomentado muito o mercado. Uma outra medida importante do Governo Federal foi a criação, em 2009, do Ministério da Pesca e Aquicultura, que tem investido pesado na área da biologia marinha. O orçamento do ministério desse ano foi de R$ 800 milhões”, comenta Lourenço, lembrando que em maio 2011 a ABBM promoverá o 3º Congresso Brasileiro de Biologia Marinha (3º CBBM), em Natal, no Rio Grande do Norte.
“Já estão confirmados nove palestrantes de outros países que vão falar para um público estimado em 1,8 mil pessoas”.
Valorização – O mercado de trabalho do biólogo marinho é promissor e relativamente valorizado na visão do presidente da ABBM.
“Um recém-formado em Biologia Marinha ganha cinco salários mínimos em média (cerca de R$ 2,5 mil). Cifra que chega a R$ 4 mil algum tempo depois. Contudo, esse valor pode ser bem maior dependendo de onde o profissional trabalhe. Muitos deles também faturam abrindo firmas de consultorias”, conta.
Também coordenador do curso de Biologia Marinha da Universidade Federal Fluminense (UFF), Lourenço informa que no Brasil há apenas sete cursos de graduação específico em Biologia Marinha da qual três deles estão localizados no Estado de Rio. São eles: a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), criado em 1968, a Faculdades Integradas Maria Thereza (Famath), em 1982, e a UFF, em 2000.
Descoberta da riqueza do mar
A coordenadora do curso da Famath, Cristiane Fiori, informa que a profissão está em plena expansão.
A biologia marinha sem dúvidas é a profissão do futuro. Ela dará um ‘boom’ no mercado e quem já estiver se formando será beneficiado. Como o homem não tem muito mais o que explorar na superfície, está buscando o mar e descobrindo toda a sua riqueza. É nessa hora que o biólogo marinho entra para monitorar esta exploração. Qualquer ação ou intervenção embaixo da água tem que passar pelo estudo de impacto ambiental deste profissional”, explica a coordenadora.
“O curso de Biologia Marinha da Famath é referência no Estado do Rio e já formou cerca de 1,5 mil biólogos desde seu início em 1982. Hoje formamos 50 alunos por semestre”, afirma Cristiane.
Escolha – Estudante do 4º período de Biologia Marinha da Famath, Raissa Gabriela Jardim, de 20 anos, está convicta de que fez a escolha certa. Natural do município de Cruzeiros, da Região do Vale Paraíba, em São Paulo, ela está morando sozinha em Icaraí, desde que começou a estudar há dois anos.
“No início foi muito difícil. Largar tudo para trás, família e amigos, para vir morar sozinha aqui no Estado do Rio. Mas não me arrependo. Estou estagiando no laboratório de macroalgas do Jardim Botânico do Rio e sei que é isso mesmo que quero para minha vida”, relata a jovem.
Já Rafael Giusti, de 21, afirma que “respira” biologia marinha da hora que acorda até a hora de dormir.
“Faço estágio em dois lugares. Pela manhã na Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Niterói e à tarde aqui no laboratório da faculdade. Para terminar vou para a sala de aula à noite”, disse satisfeito o estudante do 7º período, lembrando que quando era criança chegou a ter 200 aquários em casa por conta da sua paixão pela vida marinha.
Formando-se no final do ano no curso de Licenciatura em Ciências Biológicas, Stella de Lima, de 30 anos, afirma que pedirá reingresso para Biologia Marinha.
“Vou estudar mais um ano apenas. Dessa forma vou aumentar meu leque de oportunidades”, explica Stella que faz estágio no ZooNit.
Rumos – Entre os universitários da UFF também existe a convicção de que a Biologia Marinha foi uma boa escolha profissional.
“Entrei no curso de Ciências Biológicas sem saber ainda qual área seguiria. Hoje, no 6º período, além de escolher, já estou estagiando no laboratório de Biologia Marinha”, afirma Gabriela Faria, de 22.
Também estagiária do laboratório, Mariana Brasil, de 23, disse que inicialmente seu interesse pela profissão se deu por seu pai ser professor de Biologia.
“Hoje percebo que independente disso eu seguiria esta carreira”, relata a estudante do 6º período da UFF.
Já Ana de Castro e Costa, de 24, faz mestrado em Biologia Marinha.
“Meu interesse pela biologia vem desde o primário. Meu foco na biologia marinha são as pesquisas na produção de energia a partir da biomassa”, comenta a bióloga que atua no laboratório de Biologia Marinha da UFF.
Congresso vai debater as políticas nacionais
O 3º Congresso Brasileiro de Biologia Marinha (3º CBBM) será realizado no período de 15 a 19 de maio de 2011, no Hotel Praiamar, no Município de Natal - RN.
O evento será constituído por uma programação abrangente, envolvendo palestras, mesas-redondas e grupos de trabalho sobre diversos temas relevantes de Biologia Marinha, além de apresentação de políticas nacionais de financiamento implementadas por agências públicas de fomento à pesquisa em Biologia Marinha.
“Os profissionais, os estudantes de pós-graduação e de graduação em Biologia Marinha, Oceanografia e áreas afins estão convidados a participar do 3º CBBM, que certamente será um evento marcante como expressão do cenário das Ciências do Mar no Brasil”, comenta o presidente do ABBM, Sérgio Lourenço.